sexta-feira, 12 de julho de 2013

Eu quero o meu coração de volta


Tem sido dias bastantes difíceis e escassos, ainda estou tentando encontrar o meu equilíbrio de volta. Estou tentando achar o meu caminho de volta. Dizem que a dor e a solidão torna-se um vício, mas não concordo com essa teoria. Não acho certo. Ainda que seja verdade, pessoas se apegam naquilo que acham ser convenientes para elas em um certo momento, porque têm medo de se sentirem vazias e ocas por dentro. Eu tenho medo de me sentir só e vazia de novo, mas sei que tudo tem um determinado tempo, aos pouco eu aprendo. Aos poucos as ideias, as teorias vão se tornando práticas. Uma amiga me falou que precisamos viver o agora, e o agora é o nosso maior presente. É o presente que a vida nos dá todos os dias. Sempre haverá um novo dia, uma nova chance, uma nova página em branco a ser escrita, uma nova história para ser contada ou vivida, um novo amor, uma nova saudade. Mas tudo precisa de tempo, de paciência. Aliás, paciência é uma grande virtude, é uma sabedoria. Quando desejo dissipar toda a dor de um coração partido e magoado de uma vez, penso que o melhor remédio é a cicatrização. É deixar que a ferida fique aberta e tome ar, até que se recupere mesmo que o processo seja lento. Embora eu queira muito proteger meu coração de novas dores ou outras decepções, a vida nem sempre é justa. Nem sempre vou conseguir protegê-lo da dor, ela chega junto com o amor: inevitavelmente. Quando se tem dezesseis anos você acredita que o amor basta, e realmente deve ser o suficiente, mas não é sempre assim. Às vezes é mais sobre querer e acreditar. Você acredita que pode ser quem quer ser algum dia? Você quer realizar todos os sonhos de uma vida? O que você quer? No que você acredita? Ainda acredito que o amor seja tudo, a base para qualquer relação e revolução. Seja em uma amizade ou em um namoro, seja por algum bem material ou por si mesmo. O amor, com todas as suas formas, ainda é a razão para se acreditar que vale a pena lutar por ele. Hoje eu quero o meu coração de volta e estou trabalhando duro nisso como nunca havia trabalhado antes, vai demorar, eu sei. E não é nenhum egoísmo da minha parte querê-lo de volta, acho que preciso voltar a cuidar de mim, só que sem me fechar numa bolha e desperdiçar as chances que a vida pode me dar. Vou resgatá-lo e curá-lo sozinha, vou me amar um pouco mais a cada dia e lembrar que nem sempre todas as promessas são cumpridas, e que pessoas sempre entram e saem da nossa vida. Só temos que aproveitar o meio tempo para marcar a vida delas de alguma forma. Não quero criar tantas expectativas e nem ter uma esperança fantasiosa. Hoje eu só quero o meu coração de volta para dar à ele a devida atenção e cuidado, essa coisa de se entregar nem sempre funciona. Às vezes nos jogamos de cabeça no que acreditamos ser um oceano profundo e imenso e acabamos descobrindo que era somente um rio raso. Acho que sou um pouco culpada também, mas ainda estou aprendendo. Sei que vai ficar tudo bem, sei que vou conseguir trazer a paz que o meu coração tanto pede. Porém antes é preciso enfrentar todos os monstros que o cercam, eu preciso enfrentar o medo de estar só e de não ser suficiente para mim mesma. Vou me lembrar todos os dias que não posso deixar de acreditar no amor, não vou culpar um sentimento por conta de uma decepção. Vai passar, um novo dia vai chegar e essas feridas irão se cicatrizar. Hoje eu quero realmente seguir em frente, não me lamentar nem olhar mais para trás. A vida é muito mais que um coração partido. Um dia de cada vez, uma coisa por vez, o tempo vai me levar aonde eu devo ir e vai trazer quem deve ficar no fim das contas. Quem não vai desistir de mim, mesmo eu sendo assim tão cheia de falhas.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A gente faz tudo outra vez


Temos uma complexidade que não dá para entender. Às vezes não sei se conseguiremos resolver isso, mas sei, aliás, tenho uma certa certeza dentro de mim, que é isso o que nos mantém acesos e presos um ao outro. Não conseguiremos escapar das confusões, não é? E mesmo se conseguíssemos viver pacificamente, será que seria desse jeito que é? Digo, você sabe, brigamos e ficamos sem nos falar por alguns dias, depois voltamos com aquela conversa de que precisamos resolver a situação e desempatar o jogo, sair do muro, quebrar o gelo. Daí nos damos conta de que é quase tudo besteira e a vontade de beijar o outro fala mais alto e acabamos por ceder. Tem vezes que nem resolvemos a questão, a gente simplesmente se entrega. Voltamos um pro outro. Com mais vontade, mais paixão e mais saudade. Ficamos um tempo só no love, prometemos fazer tudo certo e recomeçar de novo, e quando achamos que está tudo indo na mais perfeita paz e tranquilidade, o nosso vulcão interno já começa a soltar faíscas e aí quando vamos ver... pronto! Entramos em erupção. E então a gente faz tudo de novo. Não conseguimos escapar das confusões mais uma vez, não é? Acontece. Explodimos de raiva e hora depois estamos na cama. Acho que é mais fácil nos perdemos de nós mesmos do que um do outro. Pois a vida sempre dá um jeito de nos esbarrar, nem que seja na fila do pão ou no ponto de ônibus. Volta e meia estamos fazendo as malas e indo embora prometendo não voltar mais atrás, mas sempre voltamos, nos refazemos, nos reamamos, jogamos todas as roupas e encrencas no chão e então ficamos bem. Somos impossíveis e improváveis, somos imprevisíveis e descarados. Somos loucos um pelo e outro e ficamos loucos um com o outro, mas eu só te quero bem. Fico brava, te odeio por alguns minutos e depois quero seu colo. Você diz que faço tempestade num copo d'água, mas é só me olhar desse jeito que só você sabe me olhar que já me arranca sorrisos, me desarma inteira. Não somos fáceis, e por que seríamos? Teria alguma graça? Tudo não passa de uma maré ruim, afinal, dizem que pra poder ver o arco-íris a gente tem que passar pela chuva, não é? Então deixa estar, a gente briga hoje e faz as pazes amanhã. A gente faz tudo outra vez.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Boa sorte para nós

Eu estive a sua espera. Escrevi tantas coisas sobre você. Sobre nós. No intuito de te mostrar os rabiscos que eu havia feito na esperança de que você voltasse. Eu quis que você usasse ao menos as minhas palavras como pretexto para vir até mim, já que os dias têm sido tão curtos e vazios, posso dizer que se tornaram apenas... Suportáveis. Eu estive à espera de qualquer coisa que trouxesse você para perto de mim. Uma notícia, uma mensagem, uma ligação - apesar de você não ter jeito com telefonemas -, qualquer coisa que me fizesse ter uma breve sensação, ainda que ilusória, de que ainda faço parte da sua vida. É isso o que me matou todos esses dias, é isso o que mata um pouco de cada pessoa afinal: a espera. Por qualquer coisa que seja. Quantas vezes menti para mim mesma fingindo acreditar que só estava olhando as horas, quando na verdade, eu só queria ver uma caixinha vermelha na tela do celular apontando que tinha uma nova mensagem? E pior, uma nova mensagem sua. Eu que sou tão impaciente, tive uma paciência de Jó e não te culpo por isso. A culpa é minha mesmo, que não quis aceitar ou acreditar que tudo tivesse chegado mesmo ao fim por sempre ter tido receio à tudo que terminasse. Fosse livros, filmes, seriados, músicas e muito embora a maioria das histórias relatassem o tão esperado e previsível "final feliz", ainda assim, a palavra "fim" me dava um certo frio nas costelas e uma angústia deprimente. Quando fui te procurar naquela segunda-feira, onde meu coração esbofeteou meu peito pedindo que eu o fizesse, imaginei que estaria, aos seus olhos, tomando uma atitude digna e bonita de admitir toda a parte em que estive errada e equivocada. E realmente foi, aos meus olhos, uma atitude digna e bonita, afinal, quem nos dias de hoje aceita a culpa de estar errado? Mas errada ou não, eu só não queria que fosse tarde. Eu só não queria ter que desistir por não ter outra alternativa a não ser fazer o mesmo que você: seguir em frente. Seguir sem saber pra onde, porque eu já havia me acostumado com a sua mão gigante segurando a minha, me direcionando. Acho que acabei me acostumando com a ideia de que você nunca a soltaria, acontecesse o que acontecesse. E acabei me segurando em você por ter depositado toda a confiança que eu tinha em mim, e apostei todas as fichas em nós. E pra quê? Chegar tão longe e ver tudo se esvair me causando uma sensação horrível de impotência. Por que é tão ruim te deixar partir? Ainda que eu não queira te prender - prefiro saber que você ficou por escolha - é difícil se desapegar depois de tanta coisa compartilhada. E o que é que a gente faz com todas aquelas memórias, todos aqueles programas e as esperas pelos fins de semanas? Os planos, as fotografias, as nossas datas especiais, os lugares e a nossa música? Se tivesse alguma forma de deletar tudo isso internamente, eu deletaria. Só para não parar no tempo em que elas aconteceram e esquecer de caminhar pra frente, sem você. Acho que te livrei de mim, hein? Pelo menos agora você pode ter seus ataques de eu-tô-bravo-não-chega-perto-de-mim sem ter vontade de acabar comigo por eu rir da sua cara. Aliás, eu adorava te provocar. Há dias eu não acordo mais tão assustada e perdida como antes, mas o vazio ainda está aqui. Procuro uma forma de preenchê-lo sem ter que te incluir, porque sei que morro um pouquinho a cada vez que te espero, mesmo repetindo que não faço mais isso. Ainda te espero, sim, porém já não quero mais. Me conformo, mesmo lembrando, mesmo sentindo a sua falta, eu me conformo e procuro encher a cabeça com qualquer coisa que me tire o foco do vazio que ficou nesse coração. Eu quero te ver bem, e no fundo, seria mentira se dissesse que quero que arranje alguém melhor que eu. Mas te quero um bem danado e tenho uma necessidade tão grande de cuidar de você mesmo que você não precise. Pois todas as vezes que você disse "se cuida", a minha vontade era de gritar e pedir pra que você mesmo viesse me cuidar. Mesmo não querendo esperar mais nada da vida, do mundo, de você, espero que um dia possamos nos reencontrar e lembrar disso tudo como uma fase bonita da nossa vida. Porque é isso o que você se tornará: uma fase bonita, uma das mais bonitas que já tive nesses meus poucos anos. Espero também parar um dia para lembrar de você de uma forma leve e gostosa, sem que isso não me machuque. Espero significar pra alguém o que eu signifiquei pra você. Eu gostaria de ter escrito outras palavras, relatando todas as coisas que já passamos e no quanto eu estaria feliz em poder estar descrevendo mais um ano que construímos juntos, em cima de todos os pesares. Eu gostaria que a falta que você sente de mim - se sente - fosse capaz de te trazer até aqui. Mas não fomos tão fortes quanto pensamos que fôssemos, não é? Tudo bem, hoje já não importa mais. O importante é que temos muitas coisas para lembrar. Mas a única memória que eu gostaria de esquecer, a única memória que eu jamais quis ter, é a memória do adeus. Mesmo doendo, mesmo sendo difícil, te deixo ir agora, como um balão solto no céu. Vou me soltar também e voar por aí, e se for da vontade Divina que nos reencontremos na imensidão desse mundo tão pequeno, que não seja por acaso, e que seja doce e leve, de forma que não nos percamos mais. Boa sorte pra você... e pra mim.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Eu nunca fui embora de verdade


Mas que peça a vida nos pregou, ein? E que susto! Achei que nunca mais me sentiria envolvida no abraço dele outra vez, que não sentiria teus dedos entrelaçados nos meus... 
A minha mão é tão pequena que se encaixa direitinho com a dele tão grande e macia, ao contrário da minha que costuma ser tão áspera. Eu tive tanto medo de ver ele saindo da minha vida aos poucos, escapando entre os meus dedos, que ouvia os soluços do meu choro intercalando-se com as preces que fiz noites a fio durante toda aquela tempestade. Há um mês eu havia saído de sua casa com a cabeça fervendo, chorava feito criança perdida da mãe, dava até dó. Logo eu, que não gosto de chorar na frente de ninguém, pois nunca quis me mostrar vulneravelmente fraca. Mas ele sempre dizia: "Eu não ligo se você chorar na minha frente, você pode fazer isso, eu sempre vou estar aqui". Afinal, ele sempre esteve, até quando não estava, e mesmo que eu quisesse, eu nunca fui embora de verdade. E ele era excessão, eu me sentia segura. Ele conquistou a minha confiança, coisa que ninguém havia feito antes. Ninguém lutou por isso, não fizeram questão, foram embora na minha primeira renúncia. Mas ele ficou, eu que errei ao ir embora. Mesmo de cabeça quente, eu fui embora, eu quis dramatizar. E repito: apesar de, eu nunca fui embora de verdade. 

Ele ficou e eu quis voltar, mas primeiro tive que perceber pelas circunstâncias da vida o quanto eu queria tê-lo mais uma vez tocando a minha pele, curando a minha carência e suprindo as minhas vontades, olhando para mim como se eu fosse a única da face da Terra. Eu fui embora da casa dele, mas não havia ido embora da sua vida, muito menos do seu coração, e isso era mais do que evidente. Até quem me vê por aí sabe que só ele faz eu me sentir verdadeiramente completa. A questão não era sobre o tempo que tínhamos ficado distantes ou o porquê. E pra dizer a verdade, nem quando eu queria estar distante, isolar, esquecer, isso acontecia. Não consegui me manter afastada. Aí eu percebi que era mesmo verdade aquela história de que quando se ama a razão se torna insignificante. Eu tinha que admitir que eu não me pertencia mais e que as coisas não dependiam só do meu querer, mas sim do que eu também precisava. E eu precisava dele, do jeito que só ele sabe ser. Do jeito que ele só é quando está comigo. Eu quis ser cabeça dura e acreditar que não acreditava mais. Mas, de que isso vale quando o coração é tão mole que derreteu só de ver aquele sorriso de novo sorrindo pra mim, por minha causa? A verdade é que eu nunca deixei de acreditar, embora a minha cabeça quisesse manter distância, o coração queria estar perto cada vez mais. 

Todos diziam que nós éramos perfeitos um para o outro, mas eu quis deixar nas mãos de Deus, se fôssemos para ser, que o amor prevalecesse. Ao me ver ali, sentada ao seu lado num encontro que tanto esperei depois de tudo o que passou, vendo ele experimentar a bebida que eu havia pedido e que, por sinal, ele detesta - café com leite, ainda por cima gelado - minha vontade foi de pular em cima dele e beijá-lo consecultivamente na frente de todos e gritar o quanto eu sou louca por ele. O tempo havia estimulado a vontade que eu tinha dele, me senti esfomeada do amor dele. Voltei para sua casa, entrei de fininho em seu quarto e observei seu sono, imaginei se estava sonhando comigo. Seu rosto tão singelo, sereno, me fazia ter vontade de estar ali para sempre, só assistindo ele dormir, ouvindo o leve som da sua respiração. Ele fica ainda mais lindo enquanto dorme ou quando acorda, com aquela carinha amassada e o cabelo todo bagunçado, achou que eu não iria cumprir a minha promessa de estar lá cedinho. Sinto que me torno uma pessoa melhor a cada dia, por causa dele. Ele faz eu ser assim. Não dá para negar, o que temos vai além de tudo o que eu posso imaginar, o destino havia nos unido uma vez e nos reuniu novamente para nos mostrar que fomos feitos pra ser, eu e ele, assim, com todas as nossas diferenças, nos completamos de qualquer forma e no final das contas o que realmente importa é o que temos. E temos um ao outro, enquanto esse amor arder dentro da gente.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Uma carta para mim mesma


Sabe, eu vou falar o que eu acho. Eu acho que eu deveria começar uma carta para mim mesma de uma forma saudosa e até formal, mas estou de estômago vazio e com um pouco de pressa para expressar o que estou pensando antes que tudo se esvaia e Bum!, eu não consiga desenvolver isso. Entra tantos conselhos dados para amigos e conhecidos sobre diversas situações, acho que eu mereço um tempo comigo mesma para também me aconselhar de algumas coisas. É claro que isso não garante que eu vá colocá-los todos em prática, mas eu posso trabalhar nisso. Muita coisa complica a nossa cabeça, a cada segundo que passa algo está mudando, seja aqui no meu quarto ou lá no Japão. A cada segundo, alguma coisa acontece, alguém morre, um bebê nasce, um casal tá trepando, alguém tá chorando, alguém tá esperando, se decepcionando, amando, se iludindo, se enganando, enganando alguém, roubando alguma coisa, abraçando, beijando, rindo, escrevendo, assistindo, dormindo, bebendo, comendo, etc. Enfim, a cada fração de segundo uma ação é feita, o mundo não pára. E eu percebi que tão pouco o mundo vai parar pra assistir a nossa depressão quando somos magoados. Não... É besteira esperar que alguém cure a nossa dor. Mesmo que seja reconfortante saber que existem pessoas que se preocupam com a gente e realmente querem o nosso bem, não é suficiente se nós mesmos não acreditamos que iremos ficar. Porque não precisamos de palavras solidárias para acreditar que somos capazes de superar qualquer dor, por mais intensa que ela seja. E pra quem não acredita, o tempo é capaz de ajudar sim, e muito. Ele pode não curar, mas ajuda nesse processo. 

Da mesma forma que as coisas uma hora ficam terrivelmente péssimas, também chega uma hora em que elas têm que melhorar. Como já dizia Chico Xavier, temos que saber aproveitar cada momento, pois eles passam, independente de serem bons ou ruins. Apenas passam. E cabe à nós decidir o que iremos levar desses momentos. Eu sinto falta de algumas coisas e isso sempre me deixa meio nostálgica, mas eu tô num momento da minha vida em que eu preciso entender que tudo tem seu ciclo, a gente sempre vai conhecendo novos lugares e pessoas que tomam um espaço especial dentro da gente. E por mais egoístas e defeituosos que sejamos, todos nós somos humanos e precisamos acreditar, nem que seja em alguma coisa impossível. Mesmo que seja denominar fé, mas precisamos acreditar em alguma coisa. Se o coração tá magoado, aprende a cuidar dele com mais cautela, com paciência; coração não é bicho de estimação que a gente dá comida quando deixa um tempo com fome e depois tá tudo certo. O nosso coração é o bem mais precioso que temos, é nele que nós cultivamos nossos sonhos, nossos desejos, nossas vontades, nossas bondades, nossas verdades. E por mais que ele se engane, que ele seja despedaçado, jamais devemos permitir que outra pessoa esfrie o calor que possuímos dentro dele. Ninguém tem o direito de roubar isso da gente, de nos fazer desacreditar, apagar o brilho dos nossos olhos, a vontade de sonhar. Não importa o quão magoados estejamos, mesmo que seja difícil e complicado, isso é um desafio que precisamos enfrentar. A gente pode até entregá-lo para outra pessoa, mas precisamos estar sempre à postos, para socorrê-lo quando os dias ruins chegar. E eu espero, com toda a minha sinceridade, que eu não chegue ao ponto de desistir de cuidar de mim, do meu coração e nem deixar morrer tudo o que nele tem de bom, não importa o que aconteça. É uma ordem eu não me deixar se fazer infeliz, porque tudo o que eu quero dessa vida, é simples: quero ser feliz, quero sonhar, realizar e cair quantas vezes forem necessárias para aprender que eu preciso estar de bem comigo. Esse é o meu conselho para mim hoje: me cuidar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mais que uma parte


Sou a parte mais sensível, que pula, que gela, que arde e que queima, que palpita e tem inúmeras sensações que, num momento só, se perde e se dispara, para e volta, depressa, num som que se calar as vozes, é possível de se ouvir. Sou a parte que congela, intuitiva, que mais sente e menos pensa, pelo menos é o que mais dizem por aí. Sou parte dela, mas endoideço mesmo é por ele. Uma loucura. Ambos fizeram uma troca involuntariamente, eu pra lá, perto dele, o dele pra cá, pra perto dela. E mesmo que pudessem escolher, cá entre nós, voluntariamente aceitariam a troca, ou a soma. Foi de imediato, o ar tranquilo dele, talvez por passar mais segurança do que qualquer outro olhar e a boca ao pronunciar qualquer palavra a fazia desejar beijar-lhe repetidamente. Rapidamente, subitamente, desesperadamente. Talvez ela quisesse ter pensado bem mais, seguindo uma razão que pudesse tê-la recuado e afastado, mas eu senti que aquela oportunidade não lhe bateria a porta se ela fosse procurar todos os contras existentes na face da terra para impedir que eu alarmasse o óbvio: eu estava entregue. Sou a parte que mais se doa, que mais se dói e é difícil de se reconstruir quando as coisas acabam tendo um desfecho não esperado. Sou a parte que se aquece com encontro dos abraços, os encaixes dos braços, as pernas que se cruzam e as mãos que se entrelaçam. Sou a parte mais insegura e indecisa, mas outra parte havia ensinado a mim - e a ela também - que podíamos ser cuidados direitinho, como nos conformes, por ele. E também era como se ele se ajustasse direitinho nela, se comportavam como se estarem juntos fossem a coisa mais natural. E mais natural do que isso, era que dispensavam trocar a conexão que tinham com telefonemas, às vezes mensagens os frustavam. Precisavam estar presentes, e daí eu entrava em ação de verdade... ou paralisava de vez. Que na presença dele, ou deles, eu parecia uma criança contente quando ganhava brinquedo novo ou comia biscoitos recheados antes do jantar. Eu sou a parte dela que ela mais queria guardar e cuidar, e houve um tempo em que decidira cuidar de mim sozinha, como quem conseguia se equilibrar em corda bamba. Sabíamos que talvez por egoísmo ou medo isso não passava de covardia, isolar-se da felicidade. Mania feia, achar que tudo que parece estar ruim possa piorar ainda mais. Falta de senso e otimismo, falta de fé. Eu sou a parte que se arriscou ser entregue, sem cogitar nem nada. Não hesitei também em entregar todas as partes que ela possuía, da cabeça aos pés sem se arrepender sequer de ter cometido atitude tão corajosa. Que mal havia de ter, ele tinha uma boca irresistivelmente desejável e quando soltava as palavras soava como quem queria me dizer que eu não tinha porque temer. Então não temi, nem ela. Eu sou a melhor parte que ela entregou para ele, embora tivesse entregue mais que uma: eu, seu coração.

1 year, 4 months.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sobre os planos que eu fiz pra nós


Houve um tempo em que eu estava em crise com tudo e com todos, com a vida e com o mundo. Me arrependi de ter desejado crescer e entender de gente grande. Mas quando eu te conheci, parece que tudo havia ficado mais leve, mais prático, mais harmonizado. Então eu fiquei em paz, me acalmei e me vi desejando aquela paz pra sempre. Você trouxe paz, trouxe tranquilidade e fez meu sangue correr depressa nas veias, aquilo sim foi paixão. De arrepiar desde o primeiro fio de cabelo ao último fio de pêlo existente do pé. De querer se isolar de todo o resto do mundo, se anti-socializar e até as festas mais bombadas não interessavam mais se você propusesse um cineminha. Não tinha sido o primeiro beijo da minha vida, mas foi como se tivesse sido. Aquele sim, foi o beijo mais apaixonado que alguém poderia ter me dado, de fazer os músculos do corpo entrarem em choque. Até mesmo eu que sempre fui tagarela nata me silenciei num abraço que se encaixava detalhadamente. Minha cabeça se encaixou direitinho no seu peito e seus braços compridos me aninhavam em você. Nosso caso foi mais do que química, mais do que um caso, um romance, um longa ou qualquer que seja o nome disso. Se isso não for amor, por céus, não sei o que pode ser então. E não é um amor qualquer não, é um fogo que nem os ventos mais fortes conseguiram diminuir as chamas, fizeram só aumentar. Alguns males vem para o bem, então que venham para o nosso por gentileza. O plano foi bem simples, desde a primeira vez. E começou de uma forma meio doida, mas engraçada. O plano é conhecer todos os prazeres da vida, degustar quantos sabores forem possíveis e nunca esquecer que o meu sabor preferido é o sabor do seu beijo. Ouço até algum fulano soar por alto que a gente não deve se enganar com o primeiro que faz a gente pensar que seja amor. Mas não acredito que seja preciso encontrar outros rapazes pra descobrir que é só do seu sorriso que eu gosto. Que é daquela sua mania de falar mal das coisas que faço pra me deixar brava ou quando diz besteiras no meu ouvido pra me provocar. Pois é o seu cheiro matinal que eu quero sentir todos os dias. Não quero ter que visitar outros caras pra descobrir que no fim das contas quem eu quero de verdade é você. Não preciso disso, e se for erro meu, esse seria o erro que eu gostaria de cometer outra vez só pra sentir isso que eu sinto. O plano é simples: juntar uma grana, conhecer Londres e depois passar por Las Vegas, e viver uma lua-de-mel durante um mês em Paris, naquela tranquilidade gostosa que é a cidade do amor. Só quero te ter do meu lado e me sentir protegida quando a gente for dormir de conchinha. Quero que você tire o cabelo do meu rosto e me cale com um beijo quando não tiver interessado no assunto, ou simplesmente por não querer ouvir mais nada. O plano é esse, entende? Só nós, a sós. Não fomos os primeiros da vida um do outro, mas que sejamos os últimos, os únicos, porque esse é um plano realizável. Quem pode discordar disso? E mesmo que discordem, nós nunca nos importamos com a opinião alheia sobre a gente. Porque da gente ninguém nunca vai saber. Você me desfez, me refez e me desmontou inteira. Me decifrou, me invadiu, solidificou essa paixão. Não preciso de grandes planos, o plano é simples: que a gente não desvie do nosso caminho. Não quero nada além de ser o motivo do teu sorriso.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Separação desnecessária


Acordei cedinho, diferente das outras quintas que sempre me davam uma pequena alegria interna pela semana estar pertinho de terminar, eu fiquei triste. Então eu quis dormir de novo, mas o sono não quis deitar comigo e foi embora, deve ter ido te procurar debaixo dos edredons. Eu fiquei triste porque comi sem sentir fome, não senti a mínima vontade. Lavei os pratos ao som de "She will be loved" e traduzi toda aquela música mesmo sendo horrivelmente péssima no inglês. Eu queria ser amada essa manhã, me sentir mais viva e mais quente. E então eu chorei, as lágrimas se misturaram com a água da torneira e eu quis tanto que a minha tristeza descesse pelo ralo junto com aquela água da louça suja. Desejei ser lavada também, só que por dentro. Passei a memorizar diversos momentos que tivemos e me senti tão mal por não poder compartilhar contigo uma dessas lembranças. Só não queria estar tão distante assim, não queria me sentir tão magoada assim, eu não queria nada assim. Dormi pensando que quando acordasse tudo se resolveria por si só, mas fiz tudo errado. Acordei na quinta feira sentindo dor por todo o corpo pela noite mal dormida e os olhos enchados pareciam que levei uma grande surra. Mas nem a pior das surras doeria tanto quanto acordar sentindo essa dor no peito, esse vazio que absorve todas as minhas energias e tira a minha vontade de enfrentar a vida lá fora. Porque quando eu estive fraca, foi você quem me deu a força e sem você aqui parece que nada tem graça e o dia só fica cinza e nublado. É mágoa, mas também é saudade. E dói porque a falta trás um vazio, igual fome. Só que pior. Então larga esse orgulho, corre aqui pra mim e esquenta meus pés gelados com a sua batata da perna extremamente quente quase febril. Me alimenta só do teu amor, é disso que eu mais sinto fome. Eu exijo que você venha e acabe com essa agonia como o prometido, que mesmo pensando em largar tudo, loucura maior não haveria.

Dá preguiça de juntar forças quando se está magoada. Mas seria mil vezes pior se tudo fosse deixado pra trás e jogado fora, porque não teria mais aquelas risadas bizarras e as provocações, as confissões e tudo de bom que se formou durante as várias semanas que tivemos. Eu queria ser tão importante pra você quanto você é pra mim que quando senti que não poderia ser assim, instantaneamente uma arma de defesa se fez sobre mim e eu me embraveci, exagerei. Mas o fato é que se você não está, eu fico te vendo em todas as coisas, ouço a sua voz abafada no meu ouvido e a sua mão cobrir a minha de tão maior que é. E eu fico triste. Eu fico triste porque você não está aqui. Mesmo brigada, magoada, você não está aqui para fazer tudo isso desaparecer. E eu quero que você apareça pra que essas coisas ruins do meu dia sem você possam desaparecer junto com essa falta absurda que você anda fazendo. Aparece e me faz sentir o calor que só sinto na sua presença, quando você toca em mim. Olha só onde chegamos, nós sabíamos que a estrada seria longa e teria alguns buracos e empencilhos, mas olha, o pior dos empencilhos nesse momento é esse nosso orgulho que nos maltrata. A música terminou, mas a vontade de ser imensamente e intensamente amada não acabou. E então eu fico triste de novo, e de novo, porque não importa quantas coisas eu faça pra distrair essa tristeza, ela é esperta, ela não se engana fácil e está ciente de que só a sua chegada repentina pode fazê-la ir embora. Eu fiquei triste porque com tanta raiva de você eu quis encontrar alguém que me distraísse desse sentimento, mas ninguém me olharia do jeito que você me olha e me faria sentir tão pequena mas tão grande ao mesmo tempo. E então me conformei. Não tem jeito quando você continua sendo o único pra quem eu quero correr e pular nos braços, te fazendo rir quando entrelaço as pernas na sua cintura de repente te fazendo me segurar. Enquanto eu sorria tão cega ao som da sua risada, você ria de mim por eu deixar explícito na testa o quanto me tinha na mão. Acho que nunca deixou de ter, nunca vai... Eu quero sim, me sentir amada, muito amada, fazer essa tristeza passar. Mas só com você me beijando e sorrindo singelamente entre o beijo, me inclinando pra deitar junto contigo na cama só nossa, lembrando uma, duas ou quinze vezes que não se aguentou de tanta saudade e que a única coisa que tem a dizer é que me ama. É só isso. Trás você pra mim nessa manhã monótona de quinta feira, igual todos os dias dessa separação desnecessária.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mais uma de amor


Ele disse que já tinha desistido de todas as garotas pela mesma razão em que eu desisti dos caras. Ninguém mais valia a pena, por que eu buscava sempre uma desculpa para continuar acreditando que alguém me faria lutar de novo pelas borboletas no estômago? A minha vida não era tão ruim quanto pareceu enquanto eu contava pra ele as minhas confusões e causas por ter escolhido ficar comigo mesma. Talvez eu tivesse o assustado, coitado. Eu nem percebi que dentro de algumas semanas, duas ou três, lá estava eu, dividindo problemas familiares com ele enquanto caminhávamos para o metrô. O jeito que ele falava, sorria fraco entre as palavras, parecia que nos conhecíamos há anos. Aí eu percebi que gostava de conversar com ele e quis deitar no colo dele toda vez que os dias me pareciam insuportáveis. Não tinha nada que ocupasse mais a minha cabeça do que as sensações que sentia quando estava perto dele, e longe também. Não éramos tão opostos, mas nos atraímos mais do que era evidente. Me diz se eu tinha chance de escapar? Não, eu não tive. Não tive sequer alguma resistência para tentar me defender, ele não deixou. E no fundo também eu nem quisesse cair fora. Era bonito a ideia de me encher com a alegria de acordar e ir dormir pensando nele, ao invés de me sentir sempre tão vazia. Acho que ele acabou por despertar as borboletas que haviam morrido junto com a minha esperança de encontrar o amor da minha vida no metrô ou num ônibus. Até contei isso para e ele e acompanhei a risada dele, depois fiquei séria só prestando atenção no que ele dizia e quando puxava o "S", o que acho adorável. Dividimos os nossos anceios, segredos e descobrimos os nossos defeitos e até contei que me emocionei ao ver um casal de velhinhos sentados no banquinho do parque em frente ao lago. Eu sei, sempre fui mesmo careta, de chorar com filmes e sofrer pelos protagonistas. 
De tanto nos dividir, acabamos por dividir também um amor que, por Deus, como é imenso. Ele até me disse que é maior que o universo, me fez sorrir e acreditar que devia ser mesmo. Mas ainda fui um pouco insegura e quis ter certeza de que eu não seria mais uma, ele poderia ter feito mil juras, mas não... O moço me surpreendeu ao fazer eu me sentir mais mulher e menos menina. Parecia que todas as outras que passaram pela vida dele desapareceram porque, sem querer me gabar, mostrei pra ele que nenhuma outra seria necessária. E também não seria necessário ele ter tudo o que os outros caras exibiam na tentativa de chamar a atenção de uma garota. O mais importante ele conseguiu, digno de um homem, conseguiu um amor que não dá nem pra contar. O importante é o que ele conseguiu por próprio mérito, disso eu sinto orgulho. Depois que o conheci tentei achar algum traço dele semelhante em outros rapazes, mas me dei conta de que ninguém teria o que ele tem: todo o meu amor. Percebi também que gostei mais dele do que comer cookies com batata palha, do que churros de doce de leite com amendoim e dos bolos de aipim que a minha mãe sempre comprava na padaria. Me apeguei fácil, foi rápido e a curto prazo. Todos temos direito a uma segunda chance, não é? Ele disse que sim. Então é isso: a gente primeiro quebra a cara e desiste da luta, depois se surpreende e sente que vale a pena a conquista. Cilada essa da vida que me fez cair de novo, só que me fez cair logo em cima dele. Eu o escolheria até mesmo se ele não tivesse dentre as alternativas, ainda sim o escolheria. De olhos vendados, eu escolheria. Se vai durar uma noite ou uma vida... sei não. Mas que a despedida seja por pouco tempo e que pelo menos uma vez na vida o pra sempre se faça existente. Fomos feitos pra ser e nunca mais deixar de ser: loucos um pelo o outro.

1 year and 3 month.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...